RETRATO DO SETOR PET FOOD BRASILEIRO

CURIOSIDADES SOBRE O CONSUMO, NOVIDADES E TENDÊNCIAS

Segundo o relatório Mercado Pet Brasil 2024, divulgado pela Abinpet, o setor pet registrou um aumento de 12,03% no faturamento no ano anterior, alcançando mais de R$ 47 bilhões. Somente o setor de pet food obteve crescimento de 10,6%. Ainda segundo a Abinpet, o Brasil agora tem cerca de 160,9 milhões de animais de estimação e deve alcançar um faturamento de R$ 76,3 bilhões em 2024, o que representa 0,36% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. E o pet food continua a ser o produto mais vendido. De acordo com a Abinpet, o parque fabril do pet food brasileiro tem capacidade para produzir 8 milhões de toneladas anuais, bem mais do que as 3,7 milhões de toneladas que produz hoje.

“O número de pets presentes nos lares brasileiros cresceu muito nos últimos anos, especialmente de gatos, que já representam 46% dos animais domésticos. A população de felinos cresce duas vezes mais comparada à de cão, de acordo com dados de 2024 da Euromonitor International. E nossos focos estratégicos, que são as linhas para gatos e filhotes, acompanham essa tendência. Nossa linha Veterinária também tem destaque, uma vez que o tutor passou a conviver mais com o pet e a observar suas necessidades, aumentando os cuidados com sua saúde e bem-estar”, revela Carla Pistori, Diretora de Assuntos Corporativos da Royal Canin Brasil.

Fabiano Cesar Sá, Gerente de P&D da Adimax, concorda que há uma demanda crescente por alimentos de alta qualidade, com ingredientes saudáveis e naturais. “Os consumidores estão mais conscientes e exigentes quanto à composição dos produtos, buscando opções que ofereçam uma nutrição equilibrada e que sejam seguras para seus pets. O mercado tem percebido a necessidade de diversificar os alimentos secos e úmidos tanto para atender diferentes necessidades nutricionais quanto as preferências dos animais. Isso inclui rações específicas para diferentes raças, idades, tamanhos, e condições de saúde, bem como alimentos com ingredientes funcionais, como probióticos e antioxidantes. Essas percepções refletem uma mudança no comportamento do consumidor, que está cada vez mais informado e exigente quanto à alimentação de seus pets, buscando opções que ofereçam qualidade, segurança, e bem-estar para os animais”, afirma Fabiano.
Segundo Waldelúcia Alessandra de Brito Araújo, gerente técnico-comercial da FVO Alimentos, o aumento do consumo e da procura por parte do tutor pela alimentação extrusada no Brasil tem aumentado consideravelmente. “Percebemos este crescimento tanto pela quantidade de fabricantes novos de alimentos para cães e gatos que têm surgido no Brasil, como pelas feiras do segmento, em que percebemos a magnitude do mercado pet”, diz Waldelúcia.
O aumento no consumo de alimentos secos para pets é impulsionado principalmente pelo crescimento da população de pets no Brasil nos últimos anos, ressalta Mateus Arrobas Martins Homse, Coordenador de Produtos da Special Dog Company. “Na Special Dog Company, a linha Special Dog Ultralife tem sido a mais beneficiada por essa tendência, apresentando um crescimento 20,56% no último ano”, acrescenta.

TENDÊNCIAS
Nesta indústria percebe-se algumas tendências gerais entre os fabricantes de alimentação animal quando se observa atentamente as gôndolas dos pet shops. Uma delas são os alimentos de alta qualidade, que oferecem mais saúde e longevidade aos pets. “Uma pesquisa da Euromonitor International aponta que os consumidores estão mais preocupados em oferecer qualidade e bem-estar aos seus animais de estimação, tanto físicas como emocionais, o que inclui também
apostar em alimentos de alta qualidade nutricional. Na Royal Canin investimos continuamente em Pesquisa e Observação e todos os nossos produtos são desenvolvidos com base científica”, aponta Carla.
O Coordenador Técnico Corporativo da Adimax, Gustavo Miyaji, aponta que as rações Premium e Super Premium são as mais procuradas da marca e lista algumas tendências do segmento: “Alimentos Naturais e Orgânicos, feitos com ingredientes naturais, livres de aditivos artificiais, corantes, conservantes, e muitas vezes certificados como orgânicos; Dietas Especiais e Funcionais, que incluem as rações específicas para pets com condições de saúde particulares; Alimentos úmidos, como patês e pedaços em molho, que geralmente são mais palatáveis para os pets; há uma crescente demanda por Petiscos e Snacks Funcionais que promovem benefícios específicos; Alimentos grain free (sem grãos), formulados sem grãos como trigo, milho ou soja, e utilizando fontes alternativas de carboidratos, como mandioca e batata-doce.”
Leonardo Dalmagro, Gerente de Desenvolvimento & Inovação de Embalagens da Adimax, acrescenta mais uma grande tendência do setor: “No nosso segmento as principais tendências estão voltadas para a adoção de embalagens sustentáveis e recicláveis que ofereçam alta barreira e alto desempenho. Há uma demanda
crescente por soluções que minimizem o impacto ambiental sem comprometer a proteção e a qualidade dos produtos. Consumidores estão cada vez mais exigentes quanto à sustentabilidade das embalagens, o que impulsiona a inovação e a adoção de materiais e tecnologias mais ecológicos.” Já Waldelúcia aponta que existe uma maior preocupação dos fabricantes em produzir alimentos direcionados para a fase de vida do animal e de acordo com a condição do pet. “A
tendência do pet food é de ter, cada vez mais, alimentos nichados. Atender a especificidade na etapa de vida do animal é muito importante. Temos tido um aumento considerável pela procura dos alimentos light, para os pets com sobrepeso ou obeso, e os alimentos para animais sêniores, pois a população humana e pet está com maior sobrepeso e mais velha. As linhas para gatos castrados e para eliminação de bolas de pelo também. Estes quatro nichos crescem juntamente
com os alimentos coadjuvantes”, opina.
Para Mateus, a grande tendência do setor de pet food tem sido a crescente de alimentos naturais, com tutores buscando alimentos para pets que reflitam suas próprias escolhas. “Para atender a essa tendência, a Special Dog lançou recentemente a linha Bionatural Prime”, acrescenta.

INGREDIENTES DE PONTA
Outra grande inovação percebida no setor pet food são os ingredientes utilizados nas formulações dos alimentos para pets. Carla dá alguns exemplos: “para reduzir o impacto na biodiversidade, substituímos ingredientes de origem marinha por alternativas mais ecológicas. Além de beneficiar a nutrição dos pets, essa escolha também ajuda a diminuir a competição por matérias-primas com a indústria de alimentos humanos. 100% do ingrediente óleo de soja que utilizamos tem certificação ProTerra, o que significa dizer que existe a rastreabilidade de toda cadeia deste ingrediente e nos dá a possibilidade de afirmar que ele não é oriundo de áreas desmatadas. Todos os alimentos para gatos e cães das linhas Royal Canin para Filhotes, Sensibilidades de Gatos e parte dos alimentos específicos para
cães de raças, são certificados com o selo Carbono Neutro e contribuem para a melhoria da ação climática global. A linha de Filhotes também passou por uma reformulação de ingredientes, agora mais sustentável. Os alimentos possuem em sua composição óleo de alga, fonte 100% natural de Ômega 3, reduzindo a utilização do óleo de peixe e preservando a vida marinha.”

As tendências de ingredientes em rações para pets no Brasil refletem tanto avanços na Ciência nutricional quanto mudanças nas preferências dos consumidores, aponta Gustavo. “A utilização cada vez mais de ingredientes naturais, funcionais e nutracêuticos, são percebidos com a utilização de antioxidantes naturais, carne fresca, prebióticos, probióticos e proteínas hidrolisadas”, acrescenta. Aliás, o uso de carnes frescas na produção de alimentos secos é uma das inovações mais notáveis no mercado, complementa Mateus. “Além disso, a combinação de frutas, prébióticos e probióticos, também merece destaque. Essa abordagem promove um equilíbrio ideal para a modulação da imunidade e a saúde intestinal dos pets”, reforça Mateus.

PRODUTOS & NOVIDADES
Segundo Carla, nos últimos três anos a Royal Canin lançou produtos exclusivos para a saúde dos pets, como a linha Anallergenic, que apoia o diagnóstico e o manejo das alergias alimentares em gatos e cães; ampliaram a linha para Filhotes, atendendo todas as fases de crescimento dos pets e os produtos da linha para Sensibilidades Específicas, além de trazer novas texturas de alimentos úmidos (jelly e patê) para felinos. Mais recentemente, expandiram a linha Veterinária com dois novos alimentos para o cuidado gastrointestinal, direcionados para gatos e cães de pequeno porte com distúrbios digestivos.
Já para Waldelúcia a principal procura dos tutores que consomem alimentos da FVO tem sido por rações de valor agregado maior, super premium e premium especial. “Também tivemos um aumento abrupto pelos snacks. Isso tudo seguindo a tendência de que os tutores querem dar um alimento melhor, que promova mais benefícios aos pets. As pessoas estão migrando dos produtos mais baratos, os standards e até mesmo premium, para produtos com maior qualidade, com
melhor matéria-prima e mais atributos”, explica.

TECNOLOGIAS DO SETOR
Algumas das principais tecnologias que têm se destacado no mercado brasileiro de pet food, segundo Gustavo, incluem: “o uso de extrusoras mais modernas que permitem uma melhor preservação dos nutrientes, além de maior controle sobre a textura e a densidade dos produtos; com a crescente preocupação com a sustentabilidade, o uso de proteínas alternativas, como proteínas hidrolisadas, algas e leguminosas, tem ganhado espaço; a automação é utilizada para otimizar a produção, aumentar a eficiência e reduzir custos, assim, temos investido em linhas de produção automatizadas e sistemas de controle de qualidade para maior garantia dos nossos alimentos”. Ainda segundo Gustavo, essas tecnologias estão contribuindo para o avanço do mercado pet food no Brasil, alinhando-se com as
tendências globais e as demandas dos consumidores por produtos de alta qualidade, sustentáveis e tecnologicamente inovadores.
Leonardo Dalmagro ainda destaca que as tecnologias de ponta em desenvolvimento de embalagens estão centradas em diversas inovações que buscam equilibrar sustentabilidade, funcionalidade e eficiência. Destacam-se: “Estruturas multicamadas recicláveis, pois o desenvolvimento de filmes monomateriais que combinam
alta barreira e reciclabilidade é uma das inovações mais relevantes, já que essas estruturas otimizam a proteção contra umidade, oxigênio e gordura, enquanto permitem a reciclagem do material final; a adoção de bioplásticos e resinas de origem renovável, como o polietileno verde derivado da cana-de-açúcar, tem ganhado força; outro avanço significativo é o desenvolvimento de embalagens ativas que ajudam a prolongar o frescor e a qualidade do produto, garantindo sua
integridade ao longo de toda a vida útil; no contexto da economia circular, tecnologias de reciclagem química e mecânica estão reprocessando embalagens multicamadas para sua reutilização. A reciclagem química decompõe materiais para criar novos produtos, enquanto a reciclagem mecânica os transforma fisicamente. A logística reversa é crucial para recuperar embalagens pós-consumo e fechar o ciclo sustentável; tecnologias inclusivas, como o Braille que permite que pessoas com deficiência visual possam fazer as suas escolhas, tudo isso linkado ao propósito da Adimax que é ‘Amparar idosos carentes pessoas e animais com deficiência’”.
Waldelúcia acrescenta que o vácuo counter tem sido cada vez mais utilizado na indústria pet food. “Com esta tecnologia conseguimos obter uma maior homogeneização da gordura do alimento”, diz. Ainda segundo ela, as embalagens também estão mais tecnológicas, com válvula e zip lock, entregando para o tutor um alimento com mais crocância e qualidade.
Já Mateus comenta que, além de garantir altos padrões de qualidade no processo de produção, o mercado tem valorizado a excelência dos ingredientes utilizados. “Atualmente, há uma ênfase crescente em ingredientes que não apenas atendam a critérios de qualidade, mas também ofereçam benefícios funcionais adicionais. No caso dos felinos, por exemplo, a inclusão de cranberry no alimento ajuda a prevenir infecções no trato urinário, oferecendo não apenas um alimento natural, mas também com propriedades funcionais”, diz.

FUTURO DO SETOR
Carla vê o Brasil como um mercado promissor para o segmento pet, de forma geral, por ter a terceira maior população de pets do mundo. “Inovar está no DNA da Royal Canin e esperamos trazer novas soluções nutricionais em breve, para deixar nosso portfólio ainda mais completo”, acrescenta.
Fabiano aponta que a Adimax vai continuar a evoluir e se adaptar às tendências e demandas emergentes do mercado. “Dentre essas demandas, podemos esperar a preocupação com produtos que tenham atenção na expansão de alimentos naturais, no aumento do uso de proteínas alternativas, adoção de tecnologias de
ponta; desenvolvimento de alimentos funcionais e coadjuvantes”, diz.
Leonardo acrescenta que a Adimax projeta um crescimento exponencial, investindo fortemente em pesquisa e desenvolvimento para desenvolver novas soluções de embalagens que atendam às demandas por sustentabilidade e alto desempenho no mercado pet food.
Para os próximos anos, a Special Dog planeja entregar ainda mais produtos que atendam às expectativas dos consumidores, oferecendo alimentos naturais e funcionais, reforçando o compromisso com práticas socioambientais. “Em breve teremos novidades na linha de petiscos, que vai ficar ainda mais completa”, diz Mateus.

Por: Samia Malas e Natália Miranda