Petisco: Como orientar o tutor a oferecê-lo sem excessos ao Pet?
Orientar seu cliente na hora da venda desse item pode ser um diferencial.

Os petiscos costumam fazer parte do dia a dia dos alimentos consumidos pelos pets, mas muitos tutores têm dúvidas sobre como eles devem incluí-los na dieta. Assim, confira algumas dicas de especialistas que podem ser usadas na hora de orientar os tutores na hora da venda do snack.

USO INTELIGENTE
Existe um consenso entre os especialistas de que os petiscos não são necessários se considerarmos somente o seu valor nutricional, mas por outro lado, eles possibilitam outros benefícios na relação na relação com um animal de estimação. “Os petiscos fazem parte dos momentos de interação entre o tutor e o pet, auxiliando no desenvolvimento e manutenção de laços de amor, carinho, respeito e confiança entre os dois”, explica Flavio Silva, Mestre em Nutrição de cães e gatos pela FCAV/UNESP, de São Paulo. Para ele, o petisco, que costuma ser extremamente palatável para o pet, é um grande aliado para que o manejo se torne mais fácil e divertido. “Não é indicado oferecer o petisco de forma aleatória, sem nenhum propósito. O tutor pode oferecer o petisco, por exemplo, depois que o gato acertou o local de defecar e urinar. Se o cão comeu toda a refeição, ofereça o petisco como ‘sobremesa’ para mostrar o quanto é legal que ele coma toda a refeição”, exemplifica o profissional, ao explicar que o agrado também pode ser usado como um complemento alimentar funcional ou estímulo para os animais com falta de apetite.
NA MEDIDA CERTA
Mas se o petisco pode ter vários usos positivos, qual é a contraindicação? O principal problema é em decorrência do consumo sem limites. “O uso excessivo de petiscos pode levar o pet ao sobrepeso ou até mesmo à obesidade, o que diminui a sua imunidade, acentua problemas articulares e dermatológicos e reduz a expectativa de vida dos cães e gatos”, conta Flavio. Ele também alerta que alguns nutrientes presentes nos petiscos também podem ser prejudiciais aos pets que já possuem outras doenças. Assim, é importante consultar um veterinário para ter orientação profissional em cada caso.
ESTABELECENDO LIMITES
Se o excesso é o problema, então é fundamental entender quais são os limites do fornecimento de petiscos. “Podemos oferecer como petisco até 10% da necessidade energética do animal. Por exemplo, se o pet tem um peso de 10 kg e necessita diariamente de 535 quilocalorias, então ele pode receber em petiscos até 53 quilocalorias por dia”, estabelece Bruna Damiani, veterinária especializada em Nutrição do Hospital Veterinário Taquaral, em Campinas. É importante, portanto, saber exatamente a quantidade de calorias que os pets estão consumindo.
Petiscos não-industrializados, como legumes e frutas são boas opções uma vez que possuem bastante água e fibras, descreve Flávio, mas é preciso atenção, pois as suas calorias são variáveis de acordo com o modo de preparo do alimento, o que pode dificultar o manejo. “Os petiscos produzidos por empresas pet food podem ter essas mesmas características e de forma mais controlada, pois as embalagens indicam a quantidade calórica exata do alimento, além de serem muito palatáveis. Isso torna o manejo mais fácil para o tutor e impede que o pet ganhe peso além do desejado”, esclarece ele. Bruna ainda alerta para o uso indiscriminado do petisco cada vez que o pet tem um comportamento pedinte. “Os tutores, na maioria das vezes, fazem a associação desta atitude ao pedido de alimento. Mas é preciso deixarmos claro que o comportamento de implorar nem sempre é pedido por comida. Outros hábitos devem ser estabelecidos entre as espécies para tornar a interação benéfica. Ao estimular os pets com diferentes atividades, como brincadeiras e exercícios, o ciclo de esperar por comida será quebrado e trará benefícios como a diminuição da ansiedade, nervosismo e melhora no condicionamento físico”, adverte a veterinária .
E OS FELINOS?
Cães e gatos têm comportamentos alimentares diversos, portanto é preciso estabelecer algumas condições diferentes no uso do petisco. Os felinos costumam ser mais seletivos em relação à alimentação, não apreciam trocas constantes de alimentos e podem não aceitar o petisco. “O comportamento nutricional adquirido dos felinos está ligado ao período de desmame que ocorre do primeiro ao sexto mês de vida, e tem uma influência significativa no seu comportamento alimentar. As preferências nutricionais são adquiridas pelas experiências de aprendizado”, explica Bruna, ao orientar que os tutores devem diversificar tanto a dieta da gata mãe, quanto a dos seus filhotes, fazendo com que adquiram um paladar mais amplo, com uma grande variedade de aromas, texturas e sabores. Os petiscos estão incluídos neste processo. “Intervenções como estas evitam problemas de anorexia em gatos que necessitarão de dietas restritas no futuro e podem minimizar situações chamadas de ‘efeito monotonia’, em que o animal simplesmente para de se alimentar devido à saturação de um alimento específico”, complementa ela.

PETISCOS ATRATIVOS AOS GATOS
Para o gato, uma das características mais importantes do petisco é o aroma. Afinal, seu olfato é cerca de 14 vezes mais potente que o dos humanos. “Ele é muito mais importante do que o sabor porque os gatinhos não têm um número grande de papilas gustativas, como é o nosso caso ou mesmo dos cães. Por isso as marcas apostam mais em aromas cárneos, de peixes ou de frutos no mar”, conta a médica-veterinária Carla Maion, nutróloga de cães e gatos. Ela explica que, como são essencialmente carnívoros, os felinos ficam interessados principalmente por produtos de origem animal, mas texturas variadas também os atraem. Um exemplo é o snack que é crocante por fora e macio ou cremoso no interior.
Apesar de existirem texturas (patê, gelatinoso, pedaços ao molho) e sabores (como carne, frango e peixe) diversos, duas grandes características definem os tipos de petiscos para gatos: secos e úmidos. Cada um tem sua vantagem. “O petisco úmido contém mais água em sua composição, o que torna o alimento ainda mais palatável. A principal característica do seco, por sua vez, é a crocância, que também pode ser muito atrativa para o gato”, descreve Flávio.
Vale ressaltar que o petisco úmido tem uma função importantíssima na rotina da alimentação felina, que é aumentar sua ingestão de líquidos. Afinal, sachês costumam ter em sua composição até 85% de água. O felino, graças a adaptações no seu organismo para viver na natureza, costuma se hidratar menos do que deveria para se manter saudável e pode desenvolver, no médio e longo prazos, problemas nos rins. O petisco úmido, portanto, pode ser um instrumento de apoio na prevenção.
É fundamental que o tutor então observe quais tipos interessam mais o seu pet para utilizá-los da melhor maneira para enriquecer a sua alimentação e o seu dia a dia.
Agradecemos Bruna Damiani Médica-veterinária especializa em Nutrologia de Cães e Gatos pelo Instituto IMAN. Atua no Hospital Veterinário Taquaral, em Campinas-SP; Carla Maion Médica-veterinária com pós-graduação em Nutrição de Cães e Gatos pela Qualittas. Influenciadora veterinária. Instagram: @vet_nutri e Flávio Lopes da Silva Médico-veterinário, mestre em nutrição de cães e gatos e supervisor de capacitação técnico-científica de empresa de alimento animal.